RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
O presidente da CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil), d. Geraldo Lyrio Rocha, defendeu nesta sexta-feira a responsabilização dos crimes de tortura ocorridos no período militar.
Para o bispo, o perdão não pode ser sinônimo de impunidade. Foi a primeira vez que a conferência se manifestou sobre a polêmica que envolve vários setores do governo e provocou divergências internas.
"Perdão não é sinônimo de impunidade. Temos de conceder o perdão. Sem perdão não há reconciliação", afirmou d. Lyrio Rocha. "É preciso que os culpados sejam conhecidos, dentro do que é justo e legal, e sejam punidos. Nós nunca poderemos acobertar os crimes. Nunca poderemos acobertar o erro porque devemos perdoar."
Hoje, a CNBB reúne representantes de várias religiões e da Comissão de Anistia, ligada ao Ministério da Justiça, para o julgamento de 13 processos relativos a vítimas do período da ditadura.
"Quando eu dizia que os anistiados recebem por parte do governo o pedido de perdão e o gesto de reparação, isso não significa que já tenha encerrado o período das torturas", disse o presidente da entidade.
Dom Lyrio Rocha elogiou os avanços obtidos via Lei da Anistia, mas disse que é necessário buscar mais conquistas. Segundo ele, é necessário manter em alerta que a anistia seria uma forma de evitar o reconhecimento de erros cometidos no período militar.
"A Lei da Anistia representa um avanço extraordinário porque nos permite encaminhar um pedido de perdão e reparação aos que estão anistiados, em que o Estado brasileiro reconhece o erro cometido e procura reparar o dano causado, mas não podemos colocar nem de longe restrição a esse encaminhamento. Mas é lógico que isso deve ser feito com os devidos critérios", disse o presidente da CNBB.